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As afirmações de Schopenhauer em "As Dores do Mundo" são válidas atualmente?

6 Answers

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  • 1 decade ago
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    Ô.

  • 1 decade ago

    Acho que elas nem começaram.

  • 1 decade ago

    Minha opinião: nunca foi. Eu aproveitei as férias pra me afundar em Schopenhauer, agora mesmo estou acabando o livro quatro do "Mundo como vontade e representação", que diz respeito à Ética dele, onde cai justamente essa questão do sofrimento do mundo. O sistema em si é inteligentíssimo, ele é um **** leitor de Kant, mas eu vejo um ponto crítico no Schopenhauer duas coisas:

    1) A base da filosofia dele é aquela história: Há uma coisa-em-si que move o mundo, que é chamada Vontade. Os conteúdos do mundo se inserem no mundo como diferentes graus de objetivação dessa vontade: desde a força da gravidade (como 'objetidade' mais crua da Vontade), até fenômenos mais complexo, como o próprio ser humano, a música (como objetidade em estado puro da Vontade). Assim, por 'Vontade' a gente definiria uma força cósmica, que rege tudo. Pro Schopenhauer, simplesmente não há vida e existência onde não há vontade.

    Até aí beleza. A segunda consideração (que forma o pilar da obra-prima "O Mundo como VONTADE e REPRESENTAÇÃO"), é o Mundo como representação :) 'Representação' é continuação da doutrina kantiana, como a gente conversou naquele teu outro tópico, em que nossa mente interpreta o mundo estendendo seus dados sobre a linha de temporalidade e espaço: A coisa-em-si, a essência/tutano do mundo é algo uno, mas simplesmente não o entenderíamos como tal. Aí beleza. Ponto crítico: Somos uma individualidade. Para o Schopenhauer, a individualidade em si é um fenômeno da Vontade, não é algo real. Nosso ser seria a Idéia da espécie, e não nós como indivíduos. Eu achei isso horrível quando li (e infundado), nos remeteria a todo um questionamento da unidade de nossas consciências. O sofrimento do mundo, a partir disso, eh justamente o incongruência entre nossa consciência como seres a priori (seres essenciais), sendo que não somos, somos só joguete na mão da Natureza e representantes ínfimos da espécie que é, essa sim, realmente "existente", algo que perdura além do tempo e espaço. Vivemos, pra ele, numa ilusão de termos liberdade pura, e sofremos quando constantamos a falsidade disso. Essa consideração que, pra mim, como toda afirmação fatalista ou pessimista, não leva a nenhum resultado ético digno, parte dessa consideração sobre a individualidade que eu acho um ponto negativo na obra dele. Um ponto que ele toca pouco e não supre todas as questões que surgem a partir de tal.

    (Recomendo o livro "Mundo como vontade e representação" inteiro pra essa questõa, mas se você não tiver paciência pra ler 2000 páginas, recomendo um desses pocket books de R$ 10 da Martin Claret chamado "Da Morte/Metafísica do Amor/O Sofrimento do mundo", que reúne três suplementos póstumos à sua obra principal.

    2) Segundo ponto crítico é delimitar Vontade (força cósmica) e vontade (impulsos individuais, que ele depois afirma existirem em uma potência muito específica. Me parece confuso, insuficiente. Tá no livro 4, achei a parte mais complexa). Essa delimitação deve ser difícil no alemão (já que todos os substantivos começam em letra maiúscula). A versão em português, pelo menos a da UNESP, tem a vantagem de dividir Vontade e vontade, mas é por interpretação do tradutor. O próprio Schopenhauer não fez nenhuma distinção considerável sobre isso.

    Agora, porque não acho suas afirmações válidas: Primeiro porque acredito que não sejamos determinados: já que temos responsabilidade sobre nossos atos, então temos necessariamente opção de escolhermos, ainda que haja muito pressão do meio, nossa formação moral, a própria situação, etc. O Schopenhauer, ao afirmar nossa essência fora do tempo (que é único 'lugar' onde mudanças podem se operar, claro), ao mesmo tempo afirma que nossa Vontade/motivação é única, então não temos poder de escolha. Minha questão: mas se nossa vida e consciência se realiza dentro do tempo, então como afirmar isso?! O próprio Kant fez essa divisão do tempo da matéria original do mundo ("Ding an sich" ou "Coisa-em-si") pra efeitos de ESTUDO, pra delimitar bem as coisas e poder dizer mais respeito as características de cada uma. Em termos práticos acho que deve haver uma reconciliação do Tempo e da essência, já que somos essencialmente temporais. Daí, discordo que, como indivíduos, nos sintamos como parte de uma força cósmica determinante, já que nosso olhar é um olhar de dentro, e não o olhar da espécie. E também, não leva a lugar nenhum considerar o mundo como um palco de tragédia. Só leva a uma atitude fatalista, do tipo "já que é assim e não posso mudar nada, vou ficar aqui esperando morrer e me unir novamente à essência coletiva da espécie". O próprio Schopenhauer vivia assim, me soa muito irreal.

    É **** coisa complicada; essa é só a segunda pergunta tua que respondo e consegui enrolar nas duas .) Divirta-se com o Schopenhauer, ele foi um velho difícil, mas seu sistema em si se faz valer na maioria dos pontos.

    Source(s): Arthur Schopenhauer - O mundo como vontade e representação (tradução da UNESP) " - Da morte/Metafísica do amor/Sofrimento do mundo (edição Martin Claret, constituinte original dos apêndices póstumos da obra já citada) " - O Livre-Arbítrio (resumão, mas peca e não justifica muita coisa que ele considera sobre liberdade. Ele só fará isso no "Mundo como Vontade e...", mais tarde, já que essa obra em questõa é anterior a ele, de 1810 parece).
  • 1 decade ago

    Perfeitamente! Seu grau de pessimismo, o filósofo crítico, rabugento, cético, de tiradas sagazes, dissecou o outro lado do comportamento humano. Para Schopenhauer o mundo não passa de ilusionismo, mundo de aparência platônica. E o que vemos hoje sobre o medo?

    Logo que trocou medicina por filosofia, contam que ele freqüentou por um tempo uma taverna francesa, onde ficava a observar os soldados de Napoleão e questioná-los se eles valiam mais pelo soldo ou pela farda.

    Die Welt als Wille and Vorstellung ("O Mundo como vontade e representação"), de 1818, foi considerado um dos melhores livros na época.

    Creio que seja isso, pelo pouco que li de Schopenhauer!

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  • 1 decade ago

    Veja: "Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam meu coração. Se imaginássemos um demônio criador, ter-se-ia o direito de lhe censurar, mostrando-lhe a sua obra: “Como te atreves a perturbar o sagrado repouso do nada, para criares este mundo de angústia e de dores?”. O mundo continua sendo motivo de dor e sofrimento, todas as afirmações continuam sendo, é considerado o filósofo do pessimismo, também pudera! A coisa sempre esteve feia e assim permanecerá.

  • isaias
    Lv 5
    1 decade ago

    Isto é um livro???? o9u um livro,,, e quais foram.

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